O Proclamador da República Rio-Grandense
O General Antônio de Souza Netto é duas vezes tetraneto de João de Almeida Naves e de Maria da Silva Leite.
1801 – 1866
General, Brigadeiro (general de brigada)
Antônio de Souza Netto foi um dos líderes da Guerra dos Farrapos (1835/1845) e proclamador da República Rio-Grandense, em 11 de setembro de 1836, e comandante da Vanguarda do Exército de Osório na invasão do Paraguai e de atuação destacada na vitória brasileira em Tuiuti, em 24 de maio de 1866, a maior batalha campal da América do Sul.
“Aqui descansam os restos mortais do brigadeiro Antônio de Souza Neto, falecido na cidade de Corrientes em 1° de julho de 1866”. É o que se lê na lápide do mausoléu do proclamador da República Rio-Grandense, no cemitério de Bagé, RS, para onde foram transladados e definitivamente guardados a 29 de dezembro de 1966.
Antônio de Souza Netto era irmão de Florisbelo de Souza Netto, pai do general revolucionário de 1923 Zeca Netto (José Mattos Netto) com Rafaela de Souza Mattos, por sua vez, irmão do Tenente-Coronel Teófilo de Souza Mattos, comandante dos canguçuenses na Guerra do Paraguai e casado na família Borba com ramos em Canguçu na Armada e em Bagé.
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Mas foi em Bagé, RS, que Antônio de Souza Netto desenvolveu a maior parte de sua enorme atividade de guerreiro defensor da Liberdade, da República, da dignidade do Brasil Império que ele profundamente amava como sua Pátria, mas detestava como monarquia. E por isso, feita a paz de Poncho Verde a lº de março de 1845, que pos fim à República Rio-grandense por ele proclamada a 11 de setembro de 1836, destinada a unir-se a todo o Brasil republicano, concordou com os chefes da República que findava para a pacificação do Rio Grande, mas se retirou para Corrientes, República Argentina, exilado voluntário, mas sempre atento às atividades político-sociais do Brasil.
Estancieiro no Uruguai, com seus campos talados e vazios que tudo lhe levara a Revolução Farroupilha a que se dedicara de corpo e alma - para aí se transportou após alguns anos de repouso em Corrientes. E, nas margens do Queguaí, ao norte de Paissandu, tornou-se, em breve, por sua capacidade de trabalho e inteligência, adiantado estancieiro.
Mas jamais abandonou sua terra natal e seu povo. Sempre de olhos atentos, de quando em quando visitava a sua Bagé dos Campos do Seival, onde proclamara a República Rio-Grandense, tomando conhecimento direto dos acontecimentos. E daí saiu, em 1851, com sua cavalaria Brigada de Voluntários Rio-Grandenses - que organizara à sua custa inteiramente, para os campos da luta contra a ditadura de Rosas, o que lhe valeu a promoção a Brigadeiro Honorário do Exército brasileiro, e a transformação de sua Brigada de Voluntários Gaúchos, em Brigada de Cavalaria Ligeira. Vencido o ditador, voltou à sua estância em Queguaí, para novamente regressar ao Rio Grande do Sul, em 1864, como representante dos estancieiros brasileiros no Uruguai - estancieiros residentes aí -, a fim de apresentar ao Governo imperial as queixas contra assassínios e roubos ali praticados contra ele e seus concidadãos.
Aliás, já em 1859 havia reclamado, violentamente declarando que, se o Governo imperial não tomasse providências, ele, Neto, organizaria sua fôrça e assumiria a responsabilidade de invadir o Uruguai e vingar seus concidadãos. Regularizada a situação, com contemporarizações, e algumas medidas preventivas, em breve tudo voltou ao que era dantes e, novamente agredidos com violência, tornou ao Rio Grande do Sul, mas desta vez com poderes maiores. E, com esses poderes, foi ao Rio de Janeiro e aí, na Corte, onde foi acolhido com bastante afeto, depôs as queixas perante S. M. D. Pedro II. Pouco mais tarde, à frente de sua Brigada de Cavalaria Ligeira, fazendo a vanguarda do Exército, sob o comando do marechal João Propicio Menna Barreto, invadia o Estado Oriental do Uruguai, - em auxílio do Presidente eleito da República, don Venâncio Flores, tomando parte no assalto às trincheiras de Paissandu, onde também se sagrou, no ataque por água, o imperial marinheiro Marcílio Dias, recebendo seu batismo de fogo.
Detalhe da Bandeira do Rio Grande do Sul
Em seguida, incorporada a sua força ao Exército do general Manoel Luís Osório, comandante em chefe das tropas em ação no Rio Grande do Sul, Neto transpôs, logo após a rendição de Uruguaiana, o rio Uruguai, marchando por terra até o território paraguaio. E aí, batendo-se com excepcional bravura em Estero Bellaco, a 2 de maio de 1866, e depois em Tuiuti, a 24 daquele mês e ano, foi gravemente ferido. Transportado para o Hospital Militar de Corrientes, faleceu a 1º de julho daquele ano, naquele nosocômio.
Antônio de Souza Neto, tropeiro de profissão, soldado por imposição da Pátria - primeiro a Pátria rio-grandense e depois a grande Pátria brasileira - passou sua existência a serviço da liberdade e da justiça, para o bem do Brasil e do Rio Grande do Sul.
Iniciando sua vida de estudante em Pelotas, com seus irmãos Rafael e Domingos, foi em seguida para Bagé, onde se dedicou à criação de gado. Tropeiro, percorria o Rio Grande e o Estado Oriental, sendo por seu caráter, por sua dignidade e apresentação pessoal, querido e respeitado por todos. Afeiçoado às carreiras, possuía o melhor plantel de cavalos de corridas em cancha reta.
Como todo o rio-grandense que se prezava, naqueles tempos, também Antônio de Souza Neto se apresentou e foi soldado. Aos 28 anos de idade era Capitão de segunda linha. E antes de completar 35 era Coronel de legião, em Bagé, onde dia a dia aumentava de prestígio por seu valor, capacidade e inteligência, a par de um coração boníssimo, sempre pronto a proteger o fraco contra as injustiças, e a justiça contra as violências.
O Movimento Farroupilha, organizado e dirigido por Bento Gonçalves da Silva, encontrou Antônio de Souza Neto já preparado para a defesa dos direitos e liberdades do Rio Grande. O general brigadeiro Antônio de Souza Neto era coronel comandante de legião da Guarda Nacional de Bagé, quando participou da reunião que decidiu pelo início da Revolução Farroupilha em 18 de setembro de 1835, na "Loja Maçônica Filantropia e Liberdade" (vide a Ata e seus termos no impressionante e histórico vídeo, abaixo). Organizou, junto com José Neto, Pedro Marques e Ismael Soares da Silva, o corpo de cavalaria farroupilha. que um ano mais tarde se destacaria nos Campos do Seival, derrotando o grande cabo de guerra imperial general João da Silva Tavares e proclamando a República Rio-Grandense, livre e independente, para livrar o povo rio-grandense "a não sofrer por mais tempo a prepotência de um Governo tirano, arbitrário e cruel como o atual".
Promovido a General da República Rio-Grandense, o grande amigo e admirador de Bento Gonçalves da Silva pouquíssimas vezes foi vencido durante aqueles quase dez anos de lutas constantes de um País inteiro, bem armado e municiado, contra um pugilo de homens livres do Rio Grande do Sul que, sem jamais tirarem os olhos da grande Pátria, preferiam a morte a um acordo desairoso.
Os heróis Lanceiros Negros
O Primeiro Corpo de Lanceiros, sob o comando do então Major Teixeira Nunes, teve importante atuação no combate do Seival, em 11 de setembro de 1836 em reforço à brigada liberal de Antônio de Souza Netto.
Ao final da guerra, alguns poucos justos e livres juntaram-se a outros tantos Farrapos brancos, negros e índios, acolhidos que foram pelo General Antonio Souza Netto, em seu recolhimento lá pelas bandas do Uruguai formando, com amigos e agregados, um exército de cerca de mil homens, autodenominados Guarda Pessoal de Netto, na estância Lá Glória.
Mais tarde o próprio Imperador enviaria emissários ao Uruguai instando o General Netto a servir o Brasil, com seu exército particular de Lanceiros e as suas expensas, nas guerras porvir; e, em todas as lutas consagrou-se herói do Brasil.
E foi ainda Antônio de Souza Neto que, na primeira tentativa de pacificação, em novembro-dezembro de 1840, proposta por Francisco Alvares Machado em nome do Governo imperial, respondeu à consulta de Bento Gonçalves:
- “Enquanto tivermos mil piratinenses e dois mil cavalos, a resposta será esta”, dissera, pondo a mão direita nos copos de sua espada, porque as propostas não haviam sido feitas com muita lisura e estavam muito aquém da dignidade daqueles heróis que se batiam contra o Império, sacrificando tudo por um ideal: saúde, família, bem estar, fortuna e propriedades.
O semanário ilustrado de Porto Alegre, 'Sentinela do Sul', nº 7, de 18 de agosto de 1867, publicando uma bela litografia de I. Weingaertner, retrato do brigadeiro Antônio de Souza Neto, assim termina seu comentário biográfico do proclamador da República Rio-Grandense:
- “Faleceu, pois, o General Neto no cumprimento do mais sagrado dos deveres; e tanto mais apreciável é a sua dedicação quanto é certo que a sua extraordinária riqueza e o prestígio de que gozava o tornavam de tal maneira independente, que tudo quanto fêz foi inteiramente espontâneo e somente inspirado pelo amor à Pátria".
Realmente, Souza Neto, que se iniciara na vida pública como tropeiro, depois de ter pequena fortuna, entregou-se inteiramente aos ideais políticos consagrados na República Rio-Grandense. Depois, reiniciando e reconstituindo sua fortuna, residindo e com propriedade enorme fora da Pátria, nada mais precisava fazer, e tanto assim que, apesar de pequenas perseguições a agregados seus, fôra sempre respeitado e temido no Uruguai, abalou-se, a bem da justiça, de sua estância e novamente, de armas em punho, defendeu os direitos do Brasil, primeiro, contra Rosas, depois contra Aguirre e, finalmente, contra Solano López, do Paraguai.
E aí faleceu, vitimado em combate, no imortal combate de Tuiuti, onde outro gaúcho de fibra, Osório, brilhou mostrando ao mundo o valor, a inteireza e a nobreza do povo sul-rio-grandense.
Antônio de Souza Neto, como Manoel Luís Osório, são autênticos símbolos de um povo e legítimos guias da mais briosa cavalaria do mundo: a Cavalaria do Rio Grande do Sul - hoje colocada à margem pela motorização, pelos cavalos-vapor... menos belos, menos brilhantes, mas mais temerosos.
Núcleo Familiar do General Antônio de Souza Netto
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Associação Cultural
General Antônio de Souza Netto
Presidente:
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Nadir Ávila
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Endereço:
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Rua Caetanópolis, 303
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Bairro:
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Parque Continental
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Cidade
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São Paulo
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Cep:
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05335-120
|
Fones:
|
(011) 3714-4223 – 8289-9729
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Fundação
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09 de junho de 2005
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Estância virtual:
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Chasque eletrônico:
|
- Fontes:
- Construtores do Rio Grande: http://paginadogaucho.com.br/pers/asn.htm;
- Bicentenário do General Netto: http://www.resenet.com.br/bicentenario_NETTO.htm;
- Genealogia da Família SIlveira (Jeremias): http://freepages.genealogy.rootsweb.com/~valdenei/PAFg2495.htm#5897;
- Canal Eletrônico - A Maçonaria e a Revolução Farroupilha:
- Página do Gaúcho - Walter Spalding: http://paginadogaucho.com.br/pers/asn.htm; - Maragato Assessoramento: http://maragatoassessoramento.blogspot.com.br/2011/09/epopeia-farroupilha_24.html.
NOTA DO EDITOR:
Abilon Naves
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Nossa! Maravilha de pesquisa! Parabéns. Agradeço imensamente por partilhar. Abraço. Paula Naves (Cuiabá - MT)
ResponderExcluirOlá Paula Naves!
ExcluirFicamos felizes com sua participação no “projeto blog Família Naves”.
Agradecemos suas palavras.
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Quanto mais informações relacionar, melhor será a pesquisa para encontrar seu ramo familiar na árvore genealógica Família Naves.
Grande e fraterno abraço.