terça-feira, 10 de março de 2009

Os toponímios“NAVES" e "DAMASCENO”

- José Cunha Oliveira - de Coimbra, PT, em seu Blog: "toponímia galego-portuguesa e brasileira" aventa o seguinte postulado - "As primeiras aparências enganam. Estes topónimos não tenhem nada que ver com barcos nem com a navegação. Estão, antes, relacionados com a oronímia e derivam de uma raiz proto-indo-europeia, muito espalhada por todo o norte da Península Ibérica, França, Suíça e Itália, que significa um "lugar plano entre montanhas". Apesar da sua dispersão e antiguidade, tem poucas variações regionais e dialetais.não se confunde com o céltico "navia"(*) - que originou hidrónimos como "Nabão", "Navia" (Gz.) e "Neiva"(*) mas pode haver uma relação entre "nava"/"nave" e "navia": as "navas" ou "naves" são lugares úmidos, de junção de águas que descem dos cumes dos montes e, por isso, de nascimento de rios."
  • DAMASCENO

>> Mensagem encaminhada por Abilon Naves ao primo Coriolano Naves "Cori", em 18-03-2008, publicada no Boletim Notícias de Naves (108), de 01-04-2008:

Origem: GREGO
Significado: PROVENIENTE DE DAMASCO.

Preliminarmente, esclareço que os Naves do ramo de nossa família, descendentes de João Naves Damasceno (falecido em 1832) casado com Anna Vittória de São Thomé (falecida em 1841), assim como outras famílias, à época, são classificados pelos historiadores como colonizadores (construtores do Brasil), diferentemente daqueles que imigraram, a partir de determinadas grandes correntes migratórias, com destinos à países "já prontos". A vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, em 1808, é considerado o marco zero inaugural das correntes migratórias. Os Naves, já de há muito abriam fronteiras e viviam por estas paragens (seja como Bandeirantes ou Sertanistas). Imagino o velho Patriarca João Naves Damasceno, confabulando com seu filho mais velho (de seus 12 filhos), Francisco de Salles Naves, em 1808 com 26 anos, acerca de seus parentes e confrades, Bandeirantes da velha cepa, como Francisco de Sampaio Botelho Cc Maria Velho Naves (fª de José Velho Moreira Cc Turíbia de Almeida Naves), trineta paterno de Manoel Preto Cc Agueda Rodrigues, bisneta materna de João Nunes da Silva Cc Úrsula Pedroso, nomes que deram origem aos bandeirantes e Sertanistas paulistas, referindo-se a realeza recém-chegada aos portos brasileiros (escoltada e sob a proteção de navio de guerra inglês), rechaçados que foram pelas tropas de Napoleão.
Passamos então a seguinte análise.

Existem diversas correntes e opiniões que postulam a origem do sobrenome Damasceno, constante em “Naves Damasceno”.

Certa vez, em conversa com o Dr. Naves (Antônio Cândido Naves, Grande Padrinho), mencionei o fato de Damasceno significar como “aquele que é da cidade o região de Damasco”.
Tal postulado, explicaria singelamente a origem do nome composto que surge diversas vezes, nos primórdios, em nossa família: - Naves Damasceno -.

Seria, também, a forma mais fácil de concluir sobre as dificuldades da obtenção das origens do nome NAVES. Obviamente refiro-me aos de nossa linhagem direta.

Pelas pesquisas até então realizadas, constata-se que “Naves Damasceno” só passa a existir no Brasil. - E antes?

Vejamos a tese, a seguir.

Primitivamente, dentre outras formas, os nomes também eram concebidos em razão direta a referência de seu clã ou de seu lugar de origem e profissão, ou as duas ou três coisas. Assim como os “apelidos” o nome do lugar de origem era agregado ao primeiro nome, sendo, então, o “fulano de tal lugar” ou o “sicrano daqueles tais de tal lugar”, e assim por diante.

Com a regulamentação do movimento das populações, houve a necessidade de se estabelecer um padrão de registro daqueles que compunham as populações e, principalmente, daqueles que estavam adrede ou movimentando-se e agregando-se a populações diferentes de sua origem.
Como os registros eram declaratórios, em muitas vezes era forçoso ao sujeito adquirir um nome e sobrenome de acordo com a conveniência política ou de acordo com a união de novos laços familiares.

Mas vamos ao cerne da questão. – E por que Damasceno?

Primeiramente, é fato que o império Otomano (populações árabes) dominou, por 700 anos, quase que a totalidade do continente europeu, principalmente a península ibérica.

Segundamente, é fato quando da conversão forçada, na Inquisição, os judeus foram obrigados a adotar nomes cristãos, Entretanto, alguns documentos conservam os antigos nomes judeus ao lado de seus nomes originais. Eis alguns exemplos mencionados por Câmara, R.R:

Abraão...? ->> Gonçalo Dias
Abraão Gatel ->> Jerônimo Henriques
Benyamim Beneviste ->> Duarte Ramires de Leão
Eliézer Toledano ->> Manoel Toledano Isaac Catalan ->> Rafael Dias
Isaac Tunes ->> Gabriel Velho
Icer ...? ->> Grácia Dias
Luna Abravanel ->> Leonor Fernandes
Salomão aben Haim ->> Luís Álvares
Salomão Coleiria ->> Gonçalo Rodrigues
Salomão Molcho ->> Diogo Pires
Samuel Samaia ->> Pero Francisco
Santo Fidalgo ->> Diogo Pires
...? Arame ->> Francisco Martins
...? Cabanas ->> Estevam Godinho
...? Cohen ->> Luis Mendes Caldeirão
...? Gatel ->> Francisco Pires

vide o sítio “Associação Brasileira dos Descendentes de Judeus da Inquisição - A chegada dos Cristãos-Novos e Marranos ao Brasil”
http://ensinandodesiao.org.br/anussim/index.php?option=com_content&task=view&id=21&Itemid=27
Indubitavelmente, os judeus ibéricos, como qualquer outro judeu da diáspora, procuravam um lugar tranqüilo e seguro para ali se estabelecer, trabalhar, e criar sua família dignamente.

Marcelo M. Guimarães, no sítio acima, cita: É interessante notar os sobrenomes dos capitães da Armada de Pedro Álvares Cabral: Pedro Álvares Cabral; Pedro de Ataíde; Nuno Leitão da Cunha; Sancho de Tovar; Simão de Miranda; Nicolau Coelho; Bartolomeu Dias; Luiz Pires; Aires Gomes da Silva; Simão de Pinha; Diogo Dias; Gaspar Lemos; Vasco de Ataíde.

O sítio Memorial Brasil Sefarad, no endereço
http://www.geocities.com/brasilsefarad/xnemmg.htm, contém a Listagem de cristãos-novos residentes nas Minas Gerais, entre 1712 e 1763 (retirada do livro “A Inquisição em Minas Gerais no Século XVIII”, de Neusa Fernandes): Em Brumado, Cachoeira, Caeté, Catas Altas, Congonhas do Campo, Córrego do Pau das Minas de Arasuahy, Curralinho, Diamantina (antigo Tijuco), Fornos, Itaverava, Em local não definido, Minas de Arassuahi, Minas de São José, Minas Novas de Fanados, Minas Novas de Paracatu, Ouro Branco, Ouro Fino, Ouro Preto (antiga Vila Rica), Paranapanema, Pitangui, Ribeiro do Carmo (Mariana), Rio das Mortes, Sabará, São Caetano, São Jerônimo, Serro Frio e Sumidouro. (grifei).

A extensa lista de nomes e sobrenomes de cristãos-novos residentes nas Minas Gerais, não consta NAVES ou DAMASCENO, mas encontramos os Almeidas, os Bicudos, os Buenos, os Cardosos, os Laras, os Borbas Gatos etc, todos esses que permeiam a árvore genealógica dos NAVES, bem como todos os antigos troncos das famílias paulistas e brasileiras.

Por essa corrente, há lógica em afirmar que o DAMASCENO que compõe NAVES, assim como a maioria da época, é cristão-novo.

Por outro lado, também vale relatar a tese de outros “Damacenos”, o Damasceno solteiro e não em composição com outro nome, por exemplo. Tal tese, afirma que a origem dos “Damascenos” no Brasil, são cristãos maronitas trazidos por D. Pedro II, após viagem ao Líbano em 1883.

A tese de importação de “Damascenos”, por D. Pedro II, em 1883, não se sustenta; é de extrema fragilidade. A população Síria e Libanesa no Brasil, tem seu início com a corrente migratória iniciada no século XX, após a 1ª Guerra Mundial, ou seja, posterior a 1914.

Pelo nosso lado, NAVES DAMASCENO já se faziam existir cartorial e comprovadamente pelo início do século XVIII, pressupondo que a data de nascimento de João Naves Damasceno (Patriarca) seja em meados de 1750, visto seu falecimento ocorrer em 1832.

Por derradeiro, nesse diapasão, conclui-se comprovadamente que os NAVES DAMASCENO já estavam no Brasil há, no mínimo, 150 anos, anterior a propalada importação de Damascenos por D. Pedro II, em 1883.

Pelo exposto, afirmo que a incógnita permanece. Ou seja, não se pode afirmar o que é; mas, pode-se afirmar o que não é.


1.
Não pode só ver sobrenomes isolados, pois como no baptismo só usavam o nome próprio as pessoas, quando adultas escolhiam o seu sobrenome, que podia ser o do pai, da mãe, do padrinho, da terra ou alguma alcunha. Nunca houve normas atá meados do século XX e mesmo agora existem e não são cumpridas.
Há muitos irmãos, principalmente em séculos anteriores que usam nomes e apelidos diferentes.
Só estudando toda a população de uma paróquia se vai sabendo alguma coisa.


Vide matérias relacionadas:

- Homônimos na Família Naves

http://familiaresnaves.blogspot.com.br/2012/05/homonimos-na-familia-naves.html

NOTA DO EDITOR:
Abilon Naves
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