A concessão do título honorífico de cidadã goiana às professoras Heloisa Aparecida Machado Naves e Laís Aparecida Machado, ambas da Universidade Católica de Goiás, e à pioneira Maria Duarte Naves, na noite de segunda-feira, dia 8, na Assembléia Legislativa do Estado de Goiás, constituiu-se num momento de exaltação ao papel da mulher da sociedade. A autora da propositura, deputada deputada Mara Naves (foto), líder do PMDB, em seu discurso, lembrou que, “discriminada ao longo dos tempos, a mulher soube superar as barreiras e preconceitos, conquistou seu espaço e se impôs, por sua delicadeza, mas firme sempre que necessário, e sua sensibilidade diante dos problemas”. “É essa nova mulher, espelho de sua geração, que, com muita honra, a Assembléia Legislativa do Estado de Goiás homenageia nesta noite de gala”, afirmou.
A sessão, muito prestigiada, foi realizada no Plenário “Getulino Teixeira Artiaga” e presidida pelo deputado Honor Cruvinel, do PSDB. Na mesa diretora, o arcebispo de Goiânia, dom Washington Cruz; a homenageada Heloisa Aparecida Machado Naves; o reitor da Universidade Católica de Goiás, professor Wolmir Amado; o vereador João Batista da Silva (‘Gari Negro Jobs’), do PSL, representando a Câmara Municipal de Goiânia; a diretora de Relações Públicas da Prefeitura de Goiânia, Laydes Seabra Guimarães e Souza, representando o prefeito Iris Rezende Machado; e Júnior Vieira, diretor administrativo da Assembléia Legislativa do Estado, representando o senador Marconi Perilo. No plenário, estiveram presentes diversos convidados, familiares, amigos e interessados.
Há 40 anos em Goiás, as mineiras, vieram para Goiânia no final da década de 1960 para estudar e trabalhar, ingressando no magistério e construindo em Goiás uma brilhante e exemplar carreira profissional. Laís faleceu no dia 15 de novembro de 2008, em conseqüência de acidente de carro próximo a Araguari, MG, e recebeu o título “in memorian”.
Todas de 2008, as leis concedendo o título honorífico de cidadania goiana foram assinadas pelo governador Alcides Rodrigues Filho e publicadas no “Diário Oficial do Estado”: a de nº 16.260, de 27de março, concedendo o título a Laís Aparecida Machado; a de nº 16.340, de 26 de agosto, a Heloísa Machado Naves; e a de nº 16.414, de 28 de novembro, a Maria Duarte Naves.
- HELOÍSA NAVES
Heloisa Machado Naves é mineira de Ituiutaba, estudou o primário em Iturama, MG, o ginásio e o ensino médio em Bebedouro, SP. Dedica-se, desde que chegou a Goiânia, ao magistério, começando a lecionar no Externato São José, em 1970. Fez o Curso de Biologia (História Natural) na Universidade Católica de Goiás, que concluiu em 1974. No ano seguinte foi aprovada em concurso para lecionar na UCG, tornando-se uma das pioneiras na introdução das disciplinas ‘Metodologia do Trabalho Científico’ e ‘Lógica’. Em 1978 foi aprovada também em concurso para lecionar na Universidade Federal de Goiás, em seu Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública. Mesmo antes de concluir o Mestrado em Medicina Tropical, área de concentração em Parasitologia, pela UFG, já lecionava nos cursos de pós-graduação da área médica dessa instituição de ensino superior federal.
Para seu Mestrado realizou uma pesquisa de grande interesse social e repercussão, conquistando, com esse trabalho, a nota 10 com louvor por unanimidade dos três membros da Banca Examinadora. Sua dissertação foi considerada uma tese de doutorado, tal o nível das pesquisas, que se concentraram em grupos de insetos que necessitam ser estudados continuadamente, em função de sua importância para a sobrevivência humana e animal. Citou os ‘Culicidae’, pois nessa família acham-se os transmissores de malária humana, febre amarela e outras arboviroses.
Em sua dissertação de Mestrado ela já denunciava que, na época, o combate à malária, apesar de esforços de pesquisadores, contava apenas com medidas profiláticas quanto aos reservatórios, transmissores e agentes sensíveis, não recebendo ainda cobertura vacinal. Mostrou que, em vários Estados brasileiros, a doença já ocorria em zonas urbanas, inclusive de capitais. Nesses estudos científicos, na década de 1990, indicou que a febre amarela urbana, cujos transmissores são ‘Aedes (Stegomyia) albopictus’ e ‘Aedes (Stegomyia) aegypti’, estava sob cobertura vacinal. E denunciou que isso não ocorria com a dengue, atualmente fugindo ao controle das autoridades sanitárias, principalmente porque seu transmissor altera seu comportamento, adaptando-se aos mais diversificados ‘habitats’. Em sua trajetória de pesquisa acadêmica, ela tem mais de 100 trabalhos publicados em revistas e em anais de congressos científicos.
Aposentada na UFG, voltou a lecionar na UCG e, mesmo não tendo titulação em ‘Lógica’, foi aprovada no concurso aberto na instituição para a disciplina. Casada com o jornalista 4.11.1.9.9. Jales Rodrigues Naves , tem três filhos: Rossana, Mariana e Jales Júnior.
- LAÍS MACHADO
Uma das principais estudiosas da história goiana, Laís Machado deixou uma contribuição fundamental para que os goianos passassem a conhecer a sua história, então pouco divulgada. Foi uma das responsáveis pela introdução da disciplina ‘História de Goiás’, da quinta à oitava séries do primeiro Grau, nas escolas públicas goianas. Publicou vários livros, dentre os quais o mais recente, em co-autoria, “Formas e tempos da cidade”, com uma abordagem multidisciplinar sobre a cidade de Goiânia.
Mineira de São Francisco de Sales, Laís estudou o primário e o ginasial em Campina Verde, MG, fez o normal em Bebedouro, e residiu em Iturama, onde lecionou em duas escolas públicas. Veio para Goiânia em 1968. Fez o Curso de História na Universidade Federal de Goiás, para o qual passou em primeiro lugar no vestibular e que concluiu em 1971. Logo que começou o curso lecionou em escolas de nível secundário da cidade.
Em 1972 foi selecionada para o primeiro Mestrado em História da UFG, em convênio com a Universidade de São Paulo; seus estudos, que resgataram importante período da história goiana, se concentraram na análise do período regencial em Goiás. Pesquisou, para elaborar a sua dissertação, em documentos do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, e na antiga Capital, Vila Boa.
Trabalhou na Secretaria da Educação do Estado e em dois colégios importantes. Passou a dar aulas na Universidade Católica de Goiás em 1975, onde dirigiu, em dois mandatos, o Departamento de História, Geografia, Ciências Sociais e Relações Internacionais, uma dos maiores e mais tradicionais unidades acadêmicas da instituição – na primeira gestão desmembrou os Cursos de História e de Geografia e criou o Centro de Pesquisa Histórica, que coordenou e onde também escreveu peças teatrais; e, na segunda, criou o Curso de Relações Internacionais. Sua última contribuição na UCG, instituição a que tanto se dedicou, foi como pesquisadora no Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA), das áreas de História e de Patrimônio Cultural, e coordenando o Projeto Didático-Pedagógico “Cuidado do Patrimônio Cultural”.
- MARIA DUARTE NAVES
Maria Duarte Naves, mineira de Araguari, nasceu em 1910 e viveu 85 anos de sua vida em Goiás. Casou-se com 4.11.1.2. Raul Naves. Pioneira, chegou a Goiânia no momento em que Campinas começava a dar lugar ao canteiro de obras da nova Capital, quando o casal implantou o Pálace Hotel – hoje tombado pelo Patrimônio Histórico –, que abrigou os primeiros visitantes ilustres, políticos e empresários.
Atuante, implantou, nos anos 30 e 40, modernas – para aquela época – máquinas de processamento de leite. O marido foi um empreendedor que acreditou na nova Capital — primeiro, no comércio de gêneros alimentícios e, depois, na implantação de fazendas, na criação de gado e na contribuição ao desenvolvimento sócio-econômico e cultural da região em que atuou. Ele implantou, nos anos 1960, uma escola rural no município de Rialma, que leva o nome de ‘Raul Naves’, para atender aos filhos dos empregados e que serviu à comunidade da região, onde tinha a fazenda ‘Barranca’.
Numa época em que Goiás começava a criar as suas faculdades, o casal fez questão que os filhos estudassem nas melhores escolas do País: Raul Naves Filó, o primogênito, fez Arquitetura na Universidade Mackenzie, nos anos 50, e Rubens Naves graduou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica, ambas de São Paulo. A caçula, Laudelina Lane Naves, fez dois anos no Colégio Santa Marcelina, de Belo Horizonte, MG, e graduou-se em Letras Modernas pela UFG.
Por influência de um irmão, nos anos 50 conheceu o espiritismo, então uma doutrina pouco aceita na sociedade, diante da predominância da religião católica, a partir de quando aliou a prática espírita a uma sólida ação assistencial, em Goiânia e em Rialma. Ela ficou viúva em 1985.
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